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A mais bela chegou e quer voltar à África

foto: Philip Pikart

Uma das maiores rainhas da história do Egito, não teve sua cabeça cortada, e sim roubada. O busto da rainha Nerfetiti, feito de calcário, gesso, cristal e cera tem quase 50cm de altura, feita pelo escultor Tutemés há cerca de 3400 mil anos a.C. no Egito antigo. Ele foi saqueado juntamente com outros tesouros da Antiguidade, pelo arqueólogo alemão Ludwig Borchardt em 1912 do ateliê de Tutemé em Amarna e levado para Alemanha. Hoje está em exposição no museu Neues Museum, Alemanha.


O responsável pela espoliação cultural do Busto de Nerfetiti e outros artefatos egípcios foi o alemão Ludwig Borchardt, arqueólogo que só exibiu a peça 8 anos depois de tê-la roubado. Quando os egípcios descobriram que foram alvo de saques sistemáticos tentaram reaver a peça, mas os europeus, com o passar dos anos, justificaram terem legitimidade sobre o busto. Porém nunca apresentaram documentos que comprovassem essa afirmação. Em seguida questionaram a autenticidade da peça, alegando ser falsa, na tentativa de manter a posse do artefato, mas análises foram feitas no busto comprovando a sua autenticidade.

Em 1933 houve uma tentativa do Egito, através de acordos diplomáticos com a Alemanha, de recuperar o busto da Rainha, mas o ditador Adolf Hitler, eurocêntrico, recusou devolver a peça, usando o argumento que a peça era frágil demais para ser deportada. Uma controvérsia, pois no período da segunda guerra o artefato teve que mudar várias vezes de endereço devido aos conflitos, ou seja, ela não estava segura e poderia ter sido danificada ou nem mais existir.

Há mais de um século as autoridades egípcias estão em conflito com a Alemanha tentando resgatar seu tesouro cultural, o Busto de Nerfetiti, que os alemães recusam-se a devolver, argumentando que uma viagem ao Egito acabaria deteriorando mais ainda o artefato, além de apontar que a peça “não seria conservada e exposta adequadamente”. Essa postura revela que os alemães tentam decidir o que os donos de origem do artefato irão fazer com ele, mas em realidade eles se recusam pois perderão rendimentos para a Europa.


Atualmente o principal defensor da causa é o ex-Secretário Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass. Restituição artística e patrimonial é um dos argumentos fortes usados nos relatórios para que o tesouro seja devolvido ao Egito. A Alemanha ainda afirma que o busto de Nerfetiti agora é patrimônio cultural deles por estar a mais de cem anos em posse, o que é nítido da apropriação cultural. Estar em posse de uma arte que não lhe pertence não lhe torna legitimo para declarar uma peça de outro país como parte da sua cultura.

A escultura de uma Rainha Egípcia cujo nome significa "a mais bela chegou" se tornou importante por ser a esposa do faraó Amenhotep IV, conhecido como Akhenaton, juntos eles alteraram a forma de culto politeísta pela adoração a um deus único, o rei-sol Aton.


Não foi apenas o busto de Nefertiti que foi roubado da África, diversos outros países do continente tiveram seus tesouros culturais roubados. Até hoje muitos países africanos tentam recuperar de países europeus, como França e Alemanha, artefatos culturais. Como sabemos, historicamente, a Europa colonizou e escravizou povos em outros continentes, roubou recursos naturais e , além disso, seus tesouros culturais.


Clique aqui e veja nossas indicações de artigos sobre tesouros africanos que estão sob tutela europeia, mas que países africanos tentam recuperar.

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Artigo: Taiane Silva

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